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sexta-feira, dezembro 31, 2004

Frases célebres (não, este não é o Mastroianni do 8 1/2!)


"Bebo porque é liquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia." (Jânio Quadros)

Quando perguntaram ao então Presidente do Brasil, Jânio Quadros (1917-1992), qual a razão deste beber tanto, o homem respondeu de forma natural: "Bebo porque é liquido. Se fosse sólido, comê-lo-ia." Jânio era uma figura, classificação que está longe de abonar em favor da pessoa a que se refere. Mas há coisas na vida que devem simplesmente ser feitas. Porque a vida assim o exige. Despeço-me deste ano bebendo a isso e a mais alguma coisa (espero...).

quarta-feira, dezembro 29, 2004

Coisa bela



A amizade, a possibilidade da amizade, é o melhor investimento.
Podia ser frase publicitária mas é mais do que isso.

terça-feira, dezembro 28, 2004

Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592)


«Montaigne essentially invented the literary form of essay, a short subjective treatment of a given topic, of which his book contains a large number. Essai is French for "attempt".»

Mais sobre Montaigne, aqui.

Projecto Paulo Francis (letra M)

MONTAIGNE: Ninguém diz nada contra Montaigne. É o único escritor dessa grandeza que escapa de contestação. Bom, é. O ensaio A apologia é insuperável como contestação da primazia da razão no ser humano. Talvez o que mais atraia no seu gênio é que rompeu com a tradição de Platão e Cícero de que “filosofar é aprender a morrer”, escrevendo que aprender a viver é o importante e a vida toda está contida no momento em que a vivemos. É moderníssimo.
(O Estado de S. Paulo, 12/7/92)

Mainardos #3 (petardos de Diogo Mainardi)

«Participo de um programa de TV, Manhattan Connection. Entrei no lugar de Arnaldo Jabor. Um amigo meu chamou Arnaldo Jabor de “revoltado a favor”. Antes ele era revoltado a favor de Fernando Henrique. Agora é revoltado a favor de Lula. Continua revoltado. Continua a favor.
Pior que Arnaldo Jabor é Marcelo Coelho. Apesar de viver num “mundo cultural com pouquíssimos pontos de contato com o da maioria da população”, sendo avesso a “TV, música popular e futebol”, Marcelo Coelho, logo depois das eleições, encantou-se com o “jeito maroto” de Lula, sua “figura antiépica”, sua “espontaneidade bem no estilo de Rebolo e Pennacchi”. Para Marcelo Coelho, Lula finalmente tinha livrado a política “das teorias, dos programas, das discussões partidárias”. Um ano depois, ele se desiludiu. Lula passou a encarnar a “didática pequeno-burguesa, travestida de sabedoria popular, que se desmancha em lágrimas de pura parvoíce”. Lula mudou? Claro que não. Quem mudou foi Marcelo Coelho. Ele costuma atribuir-se o tom cético de Montaigne. Pobre ceticismo. Pobre Montaigne. Montaigne não tinha nada do bom-mocismo conformista e pernóstico de Marcelo Coelho. De hoje em diante, proíbo-o de citar Montaigne. Pode citar Habermas, se quiser.»
in A tapas e pontapés – Crônicas, págs. 60 e 61

O metrosexual e a cidade


O que há de errado com esta imagem?

"Alfie e as mulheres", o remake assinado por Charles Shyer, não é melhor nem pior do que aquilo que recordo de alguns episódios da série "O sexo e a cidade". Então o que é que esta produção de moda Marianne Faithfull retro kind of look, costurada a correr para dar um filme, protagonizada por um metrosexual avant la lettre, que parece ter sido concebida para um público feminino, solteiro (ou mal casado), a caminho dos quarenta, tem a ver comigo? Quase nada...

segunda-feira, dezembro 27, 2004

Propolis



domingo, dezembro 26, 2004

Do céu caiu um Pai Natal


Willie watch the stars!

A América de Bad Santa, O Anti-Pai Natal não é afinal muito diferente daquela que deu origem às pranchas de Robert Crumb – objecto do documentário que marcou a internacionalização de Terry Zwigoff, realizador – e da América que inspirou a banda-desenhada Ghost World, de Daniel Clowes, que Zwigoff viria a adaptar no seu terceiro filme. O norte-americano regressa ao território da ficção com um trabalho exterior ao universo da BD, mas nem por isso Bad Santa, O Anti-Pai Natal deixa de ser tão “garrido” de situações e personagens como as obras que o antecederam. Continuamos a ouvir falar de perdedores, de marginais, algures aquém do “arco-íris”. Gente que vive uma existência frustrada e moribunda.
A pergunta a fazer é então como se pode achar bonito um filme, como Bad Santa, que tem por protagonista (Billy Bob Thornton, a par de Edward Norton um dos dois melhores actores da actualidade) aquilo que é possível conceber de mais iconoclasta para com o imaginário do Natal e a figura que o representa? O que há de belo em tão sórdido retrato? A resposta pode ser encontrada sob a forma de um elefante de pelúcia cor-de-rosa que uma criança obesa recebe manchado de sangue. Essa mancha é simbólica de uma desejada redenção que só a partir desse momento começou a ter lugar. É como na lendária história de Oscar Wilde que nos colocava a todos na sarjeta com poucos de entre nós a conseguirem olhar as estrelas. O surgimento daquela criança obesa, tão particular (é uma galeria de desajustados, qual deles o mais invulgar, a que compõe de novo este filme de Zwigoff), permite que também o "anti-Pai Natal" olhe as estrelas, se redima, e sinta o apelo do espírito da Quadra. A viagem começa na lixeira (é mais num bar irlandês decadente: o que é que interessa?) mas se procurarmos bem encontramos ao longo do filme pequenos tesouros, restos de Capra. Bad Santa não podia ter outra origem que o cinema americano: só, o melhor e o mais original cinema do mundo! Aquele que ainda consegue fazer passar elefantes cor-de-rosa pelo buraco da agulha do nosso cinismo, de sarjeta, aquém do “arco-íris”. Bad Santa é grande porque dá a ver as estrelas aos que tiverem disponibilidade para fazê-lo.

quinta-feira, dezembro 23, 2004

Música internacional: escolhas de 2004


Vamos a factos. Amanhã saem as listas do Público (presumo) e do DN+ (tenho a certeza). Esta 3ª feira o Blitz pronunciou-se já sobre as suas escolhas de 2004. Não quero esperar mais tempo. Alguns discos ficaram por ouvir (ou por ouvir melhor...) – Opto, Faun Fables, Mouse on Mars, Martin Carthy, Oysterband, Nellie McKay (embora para ela vá, desde já, o "prémio revelação"), Leonard Cohen (pareceu-me... murcho, vamos a "ouver") e Giant Sand – mas a urgência da lista impõe-se sobretudo para que não fique soterrado pelas preferências da crítica oficial que sigo. Este ano não há lugar ao jazz, à música clássica e à brasileira, géneros que ouvi pouco e que não me apresentaram registos assinaláveis em quantidade suficiente para dar lugar a categorias à parte. E agora, sem mais delongas, a lista: it’s only pop/ rock and electronic but I like it!

1) Junior Boys, Last exit;
2) Vladislav Delay, Demo(n) tracks;
3) Telefon Tel Aviv, Map of what is effortless;
4) Tom Waits, Real gone;
5) Oren Ambarchi, Grapes from the estate;
6) Arto Lindsay, Salt;
7) Feist, Let it die;
8) Fennesz, Venice;
9) Franz Ferdinand, Franz Ferdinand;
10) The Magnetic Fields, I;
11) Elvis Costello & The Imposters, The delivery man;
12) Post Industrial Boys, Post Industrial Boys;
13) Animal Collective, Sun Tongs;
14) American Music Club, Love songs for patriots;
15) Robert Lippok, Falling into komëit;
16) Luna, Rendezvous;
17) The Blue Nile, High;
18) Kings of Convenience, Riot on an empty street;
19) Bill Wells, Stefan Schneider, Barbara Morgenstern, Annie Whitehead, Pick up sticks;
20) Tuxedomoon, Cabin in the sky.

Programa de Festas


Beber valentemente em família*


Ler umas coisas**


Ir ao cinema***

Legenda:
* Jeffrey Joseph Bernard (1932-1997)
** Auberon Alexander Waugh (1939-2001)
***Bad Santa, de Terry Zwigoff (USA, 2003)

... com o agradecimento que se justifica à National Portrait Gallery

terça-feira, dezembro 21, 2004

Obrigado

E um abraço que dada a assiduidade nada tem de acidental.

Porque estou sem assunto

«Coisas que blogueiros não resistem a postar: posts falando mal do Orkut; buscas estranhas que fizeram pessoas cairem no blog deles (como por exemplo “velha de pinto grande” ou “pessoas musculosas fazendo sexo em triciclos”); descrições de reuniões com blogueiros, que eles assumem que todo mundo conhece (ex: “estavam lá essas lendas vivas da internet, a Malu e o Coquinho” e “finalmente almocei com o Banana!”); confissões apaixonadas, muito gente-como-a-gente, de que preferem o povo à elite; textos em que chamam Olavo de Carvalho de “astrólogo” e “o auto-intitulado filósofo”; confissões de que gostam de breguice, de que são “pessoas profundamente apaixonadas pela vida”; indiretas misteriosas a blogueiros que ninguém conhece; letra de música; que eram contra Kerry, mas também não gostam do Bush; testes de personalidade; tiras; trechos de conversas no MSN que soaram witty na hora; que hoje não têm assunto, mas estão vivos.»

Refiro apenas e para consolo do próprio (eu!) que hoje chega do Brasil uma pessoa que me traz o livro de contos do Rubem Fonseca e a compilação de textos da blogosfera brasileira Wunderblogs.com

segunda-feira, dezembro 20, 2004

A sorte protege os audazes

Como não vi o jogo com atenção mais do que intermitente, não irei além de uma pequena graçola: pelos vistos, não basta um "pistoleiro" inspirado para fazer o Natal. É bom ver o meu clube junto com os da frente e pronto para triunfar sobre o Benfica, de igual para igual. Ainda que sem o Liedson, venceremos!

Fenómeno

Os episódios do Gato Fedorento adequam-se na perfeição à precariedade do nosso consumo de objectos audiovisuais. É que com a falta de tempo danada que nos assola a todos, o Gato Fedorento consegue ir bem com qualquer Mac ou PC, principalmente os do nosso local de trabalho. Tamanha versatilidade, é obra! E só assim se explica (não menosprezando a qualidade do humor) que o Gato Fedorento esteja por todo o lado.

Forças opostas

«Like many people of outstanding talent Evelyn hovered between the opposing forces of arrogance and self-loathing.»
in Fathers and Sons - The Autobiography of a Family, de Alexander Waugh, pág. 152

Será que vou concluir a leitura do "livro do ano" antes do mesmo ano acabar?

domingo, dezembro 19, 2004

Onde tenho eu a cabeça


A avaliar por Rendezvous, não seria fácil dar conta da troca de bandas num concerto que tivesse por alinhamento os Luna e os Yo La Tengo. Teríamos que prestar sobretudo atenção às palavras das canções: de maior pendor "literário" no caso de Dean Wareham (Luna) – ex. “... you’ll call me Robespierre/ put the powder in your head…” uma tirada favorita pessoal, que faz parte de Malibu love nest que Wareham canta como se fosse um jovem Lou Reed.
Os Luna são cool. Gostar dos Luna é cool. Eu gosto do novo Rendezvous. Eu (também) sou cool.

sábado, dezembro 18, 2004

Até lá, bebo sozinho

Amigo Alberto, o conhaque terá de ficar a aquecer em chama muito l-e-n-t-a: até ao próximo ano. Um enorme abraço e obrigado pelas referências repetidas a este espaço. Confesso que o que me encheu mais de felicidade foi pressentir o quanto ias gostar dos Humanos, coisa que não cheguei a comentar contigo. Até "agora".

P.S. Também queremos saber quais os filmes deste ano por ti eleitos?

Temos disco internacional do ano?


O CD* de Feist que venho ouvindo esta tarde em regime de loop, garantiu, logo à primeira passagem, acesso directo à lista dos melhores discos internacionais de 2004, a apresentar em breve. Let it die é, coisa rara, uma absoluta surpresa - mesmo para quem já ouvira a voz invulgar de Feist no último e muito bom Kings of Convenience. Let it die é poliglota, encantadoramente acústico, adoravelmente eléctrico e, como se tal não bastasse, a moça gosta e presta belíssima homenagem aos manos Gibb com uma cover de Inside and out. Estou rendido!

* a edição em digipack com duas faixas extra, vale a diferença pelo mesmo preço (presumo).

sexta-feira, dezembro 17, 2004

Mainardos #2 (petardos de Diogo Mainardi)

«Lula costuma rechear seus discursos de parábolas futebolísticas. Revelam o estado de espírito com que ele assumiu o poder: “Eu não tenho pressa. Vejam que, quando a Portuguesa Santista foi atabalhoada, o São Paulo marcou 5, quando ela jogou correctamente, só foi 1 x 0.” O ambicioso projeto de Lula resume-se a transformar o Brasil numa retranqueira Portuguesa Santista e, possivelmente, perder de pouquinho. Se não der certo, ninguém poderá culpá-lo. Como ele disse em outro pronunciamento oficial, “vou agir assim porque tenho consciência da responsabilidade que está nas costas das pessoas que me elegeram”. Ouviram? A culpa não é dele, mas sua.»
in A Tapas e Pontapés - Crônicas, pág. 50

Mainardos #1 (petardos de Diogo Mainardi)

«Zuenir Ventura elogiou o hábito dos banhistas de Ipanema de aplaudir o pôr-do-sol. Desde então, quando ouço os aplausos da janela de meu apartamento, sinto vontade de arrumar as malas e ir embora daqui. Carioca é meio caipira. Aplaudir pôr-do-sol é como aplaudir aterrissagem de avião. A linguagem hiperbólica de Zeunir Ventura só reforça o mal-estar: “Atordoados pela beleza, deslumbrados com o delírio de luz e cor, os banhistas permanecem em contrito silêncio, observando a enorme bola de fogo realizar sua lenta e cuidadosa descida.” Em Ipanema, o sol se põe atrás da favela do Vidigal. Zeunir Ventura descreve a cena como uma autêntica “visão do paraíso”. Para mim, o paraíso tem esgoto e água encanada. E não pertence ao Comando Vermelho.»
in A Tapas e Pontapés - Crônicas, pág. 45

The "s" word

Quando esfregamos o corpo com champô, algo de errado se passa com a nossa vida.

quinta-feira, dezembro 16, 2004

Burn baby burn


Matter-of-Fact;
Reflective;
Poignant;
Bittersweet;
Earthy;
Autumnal;
Gritty;
Downbeat;
Talky;

Escolha o adjectivo que mais lhe convém. Em qualquer dos casos, está encontrado o melhor filme a estrear por cá em 2005. Ups, mas eu já disse isto... não foi?

Música portuguesa: finalistas de 2004

2004 foi talvez o ano em que comprei mais música feita em Portugal. Preços simpáticos levaram-me a arriscar em propostas que noutras circunstâncias deixaria na "tulha" dos CDs. Acabei com uma lista de quinze escolhas deixando de lado algumas outras: afinal, de gomos, lotos e plutos (que comprei!) não reza a história. Os últimos cinco finalistas foram já adicionados nem eu sei bem porquê... A lista final implicou uma audição extraordinária que não trouxe as tão desejadas conclusões definitivas. O melhor é não mexer mais nisto.

ESCOLHAS:
1) Humanos;
2) Quinteto Tati “Exílio”;
3) Aldina Duarte “Apenas o amor”;
4) Helder Moutinho “Luz de Lisboa”;
5) Bernardo Sassetti “Indigo”;
6) Rodrigo Leão “Cinema”;
7) Jorge Palma “Norte”;
8) Kalaf + Type “A fuga...”;
9) Clã “Rosa Carne”;
10) 1-UIK Project “Strategies and survival”;
11) Danças Ocultas “Pulsar”;
12) Manuel Paulo “O sorriso da cobra”;
13) Maria João/ Mário Laginha “Tralha”;
14) José Mário Branco “Resistir é vencer”;
15) Mão Morta “Nus”.

Família

O meu irmão ligou ontem em resposta a um telefonema meu. Vai passar o Natal a Londres com a mulher. Eu já sabia e queria encomendar-lhe um livro. Não tenho inveja do meu irmão embora possa ter saudades. Quando tenho saudades de Londres, acontece-me comprar o Daily Telegraph (consultar na Net não é a mesma coisa). Quando temos saudades uns dos outros, acontece jantarmos em casa dos meus pais.

Perfume de mulher

Quando a belíssima história da paixão do sr. Blunkett que o levou a demitir-se do governo do sr. Blair for adaptada ao cinema (estou absolutamente convencido de que o será), estarei lá, na coxia a meio da sala para vê-la, logo nos primeiros dias se não na própria estreia. Histórias assim são cada vez mais raras e o cinema não pode dar-se ao luxo de passar-lhes ao lado. O cinema que interessa sobretudo quando provoca uma de duas reacções: fazer rir ou fazer chorar.
Os eventos que conduziram à demissão do sr. Blunkett dariam um extraordinário melodrama: registe-se que o sr. Blunkett também canta... "I pick myself up, dust myself off and start all over again". Espero que o faça!

quarta-feira, dezembro 15, 2004

Primeiros ensaios

Se eu fosse jornalista do Blitz, gostava de ser o Jorge Mourinha: isto é, gostava de escrever sobre as mesmas coisas que o Jorge semanalmente escreve - apesar de diferenças no gosto e, já agora, na escrita, muito nos aproxima. O ideal mesmo era que o Jorge transferisse a sua prosa toda para o Roda Livre (era provável que eu comprasse menos um jornal às terças) mas há que fazer pela vida, todos percebemos. Parabéns ao Jorge pelo primeiro aniversário dos seus "primeiros ensaios" na blogosfera.

A importância de ser Ernesto

In the Courts, por Auberon Waugh
Closing the Circle, The Best of Way of the World, from The Daily Telegraph, P. 213

«A major breakthrough in Jack Straw’s war on crime emerged this week. Ernest Masson, a 59-year-old disabled man, was fined £50 in Great Yarmouth, for being drunk in charge of an electric wheelchair. The incident occurred after Mr Masson had been out with friends celebrating the birth of his first great-grandchild, according to Anglia TV.
It seems very young to have a great-grandchild, but that is not the point. He could not be prosecuted under the normal drink-drive laws because he was in a wheelchair, not a motor vehicle, and he was not even on the road, but in a park. So they did him for disorderly conduct.
In other words, he nearly got off. The lessons of this episode are clear. It is quite wrong that police should be able to arrest someone for drink-driving only if the offender is in a motor vehicle or on the road. Drink-driving must be an absolute offence. Police should be able to arrest anyone who is suspected of being over the limit and who is 20 yards of any wheeled object, even within the so-called privacy of the home.
Police must be given powers to enter any house or dwelling place where they have reason to believe that drinking has occurred, or even where they have no particular reason to believe that drinking has occurred, on a random check. Many armchairs have wheels, and could be used with devastating effect against young children if the police do not get there first.
Perhaps Mr Straw is prepared to take the risk, but when he has a dead child on his hands he will have some explaining to do. The public expects action before it is too late.» (13 December 1997)

O mais próximo que em Portugal conseguimos estar do tom da escrita deste senhor, é aqui.

Moçambique, um ano depois

Parabéns ao José Flávio do Ma-Schamba. Nunca reparamos nestas coisas a tempo mas fica uma vez mais a intenção.

A propósito: Já ouvi o "Incondicional". Poderá tornar-se no disco mais popular do Ildo, embora o melhor, o melhor continue a ser aquele que a gente bem sabe...

Eu faço o mesmo

O Babugem é um blogue que se visita para ler os outros: vivos e mortos.

Projecto Paul Johnson (Letra B)

BECKETT, SAMUEL: The craftsmanship and ingenuity he displays are admirable, and some claim him to be the greatest writer of the twentieth century; but Beckett has reached the stage of aesthetic dominance when those who cannot understand what he is doing or why he is doing it are inclined to apologize for their own lack of comprehension rather than blame his failure to convey his meaning – an enviable position for an artist to secure for himself.
(Enemies of Society, P. 230)

Bomba de honra

O Bomba Inteligente, que é uma festa diária para os olhos, tem também dias em que faz estremecer bem fundo as nossas "más" consciências (generalizo porque custa menos assim...) Sentimentos de culpa, quem os não tem?

Polemista com mérito

A um determinado momento...
«Semana 3: O Paulo Francis dizia que “todo intelectual tende a ser de direita”...
Mainardi: Eu acho que todo intelectual, aperfeiçoando o que ele disse, tende a se contrapor à visão comum da época dele. A minha é uma época extremamente esquerdista. E todos os valores da esquerda são aceitos como se fossem verdadeiros. Mas no Brasil não existe esquerda e direita, no Brasil existe governo.»

Há leituras perfeitas para começar o dia: Diogo Mainardi entrevistado no Semana 3. Via Alexandre Soares Silva (um blogue do melhorio!)

terça-feira, dezembro 14, 2004

Bingo!


Paul Johnson retratado por Katrina Bovill (2004)

Com os agradecimentos devidos ao Dário Dinis, ao Miguel Noronha e ao Carlos Santos.

Momentos raros em que gostaria de saber colocar imagens no blogue

Paul Johnson retratado por Katrina Bovill. E o texto sobre a mesma ocasião.

segunda-feira, dezembro 13, 2004

Restos

E se os melhores textos da blogosfera fossem aqueles que chegando a existir não eram "postados"?

domingo, dezembro 12, 2004

Oração do Restelo

BELENENSES, BELENENSES, BELENENSES, BELENENSES, benfica.

sábado, dezembro 11, 2004

Terceiros nossos amigos

Amanhã os sportinguistas rezam ao início da noite voltados para Belém. Mas antes também podem aprender umas coisas com os pupilos de Wenger e de Mourinho. O grande jogo começa às 17h45 na Sport Tv.

Um tremaço e um abroço

Um tremoço é um gajo que treme com a escrita do moço.
Eu, tremoço, me confesso: PAAAIIIZINHO!

Variações é vida

Vou viver
Até quando eu não sei
Que me importa o que serei
Quero é viver
Quero é viver

Muda de vida se tu não vives satisfeito
Muda de vida, estás sempre a tempo de
mudar
Muda de vida, não deves viver contrafeito
Muda de vida, se há vida em ti a latejar
Muda de vida

A culpa é da vontade
Que vive dentro de mim
E só morre com a idade
Com a idade do meu fim
A culpa é da vontade
A culpa é da vontade

O disco dos Humanos está cheio de vida e contagia.

Está encontrado o melhor filme do próximo ano

Bill Murray num fato de borracha? Willem Dafoe com sotaque germânico? Versões portuguesas de canções de David Bowie? Sustenham a respiração: "The Life Aquatic", a primeira excentricidade de Wes Anderson depois de "Os Tenenbaums - Uma Comédia Genial", filme dilecto, está quase aí - estreou esta semana em Los Angeles e Nova Iorque (o resto da América terá de esperar pelo Natal) e chega às salas portuguesas em Fevereiro do próximo ano. "The Life Aquatic" tem tudo o que se mencionou acima - e, perante isso, dizer que tem ainda animação de volumes a recriar um mundo marinho parece quase uma banalidade.

Quem já viu "The Life Aquatic" nota que o ângulo à la "Moby Dick" acaba por submergir em favor do (melancólico) enredo familiar e do tema favorito de Anderson - a relação pai-filho, ou mentor- "protegé".

Estreia em Fevereiro de 2005. Marquem na agenda.

sexta-feira, dezembro 10, 2004

Fuck L.A.

Gosto de filmes sobre a polícia. Gosto de filmes sobre corrupção. Gosto de filmes sobre a corrupção na polícia. A colecção de filmes do "Cineclube DNa" que normalmente apresenta títulos de merda, tinha esta semana um filme que eu desconhecia: Dark blue, Azul escuro, de Ron Shelton, baseado numa história de James Ellroy, um série B protagonizado pelo duro Kurt Russell que é Eldon Perry, um gajo que já vendeu a alma ao diabo há muito tempo, embora também para ele exista sempre a possibilidade de redenção - estamos no meio de irlandeses, católicos etc. A acção tem lugar na época do julgamento de Rodney King. South Central, em Los Angeles, é um barril de pólvora prestes a explodir. A corrupção na polícia é uma coisa de brancos, embora Ron Shelton não descure os matizes de cinzento que implica a espécie de ressentimentos que alimenta os preconceitos raciais e o seu aproveitamento. Eldon Perry (excelente Kurt Russell) é um fraco. É alguém que cumpre um destino que passou de geração em geração. É um gajo condenado a alinhar com o sistema desde que nasceu: também não conheceu outro. O melhor mérito do filme de Ron Shelton é a sua desenvoltura e o facto de não perder demasiado tempo com um propósito de denúncia e justiça. A redenção é uma questão pessoal, o mundo continua condenado na mesma. Tough guys, tough luck!

Mainardi, o “Ezra Pound tupiniquim”

«Escrevi um artigo sobre o guru de Lula, Marco Aurélio Garcia. Ele não gostou. Mandou uma cartinha reclamando que devo estar sem assunto para ter dedicado uma coluna inteira a alguém desimportante como ele. É verdade: sempre falta assunto. Tanto que, no passado, já tratei até da esteira rolante do Aeroporto de Cumbica. Marco Aurélio Garcia não é menos importante que a esteira rolante do Aeroporto de Cumbica. Além disso, eu também sou pouca coisa. Conforme a definição do próprio Marco Aurélio Garcia, não passo de uma versão farsesca de Paulo Francis. Um pseudo-Paulo Francis. Um arremedo de Paulo Francis. Estamos todos ao mesmo nível, portanto: eu, Marco Aurélio Garcia e a esteira rolante de Cumbica.
Marco Aurélio Garcia não aceita ser chamado de “guru de Lula”. Acusa-me de ser preconceituoso. Ele acha que eu acho que “um simples metalúrgico não pode ter sozinho uma visão aprofundada da realidade brasileira”. Engana-se. Para mim, a falta de visão de Lula independe de sua origem. Ele demonstraria a mesma falta de visão se fosse um banqueiro. E não vejo nada de errado em ter um guru. Paulo Francis foi meu guru. Se Lula tivesse um bom guru, sem dúvida seria muito menos nefasto para o país.
Marco Aurélio Garcia apelidou-me de “Ezra Pound tupiniquim”. Suponho que ele não me atribua o talento literário do poeta americano. O termo “tupiniquim”, portanto, é usado de forma pejorativa. Significa pobre, de araque, de terceira categoria. Concordo com ele. O Brasil é mesmo o fim da picada. Por isso não reclamo apenas de Lula, mas de todos os políticos que já tivemos, dos primeiros caciques tupiniquins em diante. Recuso-me a ser como Marco Aurélio Garcia, que declara nostalgia pela política económica do regime militar. O mesmo regime militar que o prendeu, condenou e obrigou ao exílio. É a velha síndrome de Estocolmo, que sempre acomete os petistas.
Além de guru de Lula, Marco Aurélio Garcia também é secretário da Cultura de São Paulo. Sua principal iniciativa foi abrir bibliotecas em canteiros de obras, a fim de que os peões pudessem ler Tolstoi antes de cair de seus andaimes, espatifando-se no chão. Marco Aurélio Garcia afirma que essas bibliotecas permitem conhecer “eternas promessas da nossa literatura”, referindo-se ironicamente a mim. Bobagem. Se os peões não lerem os meus livros, não estarão perdendo nada.
Marco Aurélio Garcia começa sua cartinha de maneira humilde, julgando-se desimportante, “um pobre marquês”, mas logo muda de ideia, não me reconhecendo estatura moral para julgá-lo. Esses petistas são esquisitos. Em menos de cinco minutos vão di vitimismo pauperista ao delírio de onipotência. Por causa de meu artigo, ele ameaçou me processar. Se levar adiante a ameaça, provavelmente serei julgado durante a presidência Lula, com Marco Aurélio Garcia num cargo de prestígio. Como sou muito covarde, acho que será melhor não colocar mais os pés no Brasil.»

Diogo Mainardi in “A Tapas e Pontapés” – Crônicas, págs. 27/29.

N.D. Isto é o que ele escreve quando tem “falta de assunto”.

quinta-feira, dezembro 09, 2004

Projecto Paul Johnson (Letra A)

ARAB: The Arabs . . . were a conquering race whose sacred writings both inspired and reflected a maximalist position towards other peoples, the despised dhimmi. The very concept of negotiation towards a final settlement was to them a betrayal of principle. A truce, an armistice might be necessary and was acceptable because it preserved the option of force for use later. A treaty, on the other hand, appeared to them a kind of surrender.
( A History of the Jews, P. 530)

Blogues nacionais: escolhas de 2004

De todas as listas esta é a mais delicada. Agora mais do que antes, porque alguns nomes por detrás dos blogues tornaram-se caras "familiares". Foi necessária alguma ponderação... e coragem: para chegar a dez escolhas, para remeter o João Pereira Coutinho para fora da lista. O João é dos que melhor escreve nos blogues, nos jornais, no País; mas nos blogues escreve quase nada, daí a "penalização": já chega de "saudade" meu caro João!
Escolhi dez blogues embora diariamente visite mais de vinte. Só que tendo esta lista um número maior de presenças perdia a graça. Do desafio. Coisas com que nos entretemos para dar um acréscimo de emotividade a este ofício, afinal, dos que escrevem para se lerem já que essa é a única certeza.
Fica a lista. Mais uma, antes das que se virão depois.

MELHORES:
1) Contra a Corrente;
2) Aviz;
3) Fora do Mundo;
4) Esplanar;
5) Jaquinzinhos;
6) Homem a Dias;
7) Rua da Judiaria;
8) Seta Despedida;
9) Voz do Deserto;
10) O Acidental.

PIORES:
Não os procuro, logo, desconheço.

Paulo e Paul

Muito em breve passarei a apresentar, em paralelo, e seguindo a mesma lógica do Projecto Paulo Francis, uma iniciativa dedicada ao eminente historiador e colunista Paul Johnson que muito agradará aos mais estimados da blogosfera. Será de novo aqui, de acordo com uma organização alfabética, à razão de uma entrada por letra, com vagar, que darei conta da qualidade da escrita e do calibre opinativo do inglês, tendo por recurso o precioso The Quotable Paul Johnson organizado por George J. Marlin, Richard P. Rabatin e Heather Richardson Higgin, numa primeira edição, de 1994, da Noonday. O mesmo livro que levou por subtítulo A Topical Compilation of His Wit, Wisdom and Satire. Projecto Paul Johnson: podem contar com isso!

Projecto Paulo Francis (Letra L)

LER: Leio mais de cem livros ao ano. Não digo que termine todos. Ao contrário, termino raros e pulo passagens que não me interessam em quase todos.
(Folha de S. Paulo, 7/1/84)

quarta-feira, dezembro 08, 2004

Espantosa inquietação

Embalados tal qual se tratasse da resposta portuguesa aos Tropicalistas de Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes, os Humanos (Camané, Manuela Azevedo, David Fonseca, Nuno Rafael, Hélder Gonçalves, ...) realizaram um trabalho digno de espanto em torno do espólio não gravado de António Variações. Estas novas variações sobre a inquietação do maior ícone da música popular portuguesa são notáveis na quase totalidade das suas 12 faixas: a primeira, "A teia", não é brilhante mas depois corre tudo ao mais alto nível que se quer para a música popular e moderna. Mais espantoso (ouçam "Maria Albertina"!) é ainda o modo como a voz de Camané se adequa a um repertório aparentemente deslocado do fado. Espantoso? Sim! Embora reconhecendo que à sua maneira António Variações foi também um grande fadista.

Missão incrível

Já vi The incredibles, Os super-heróis, o único filme que ainda podia colocar em risco o carácter definitivo da minha lista dos melhores de 2004. A animação pró-heroísmo norte-americana da Pixar é muito divertida mas também demasiado longa e hiperactiva - às tantas cansa, como aqueles bebés que não param quietos e repetem e repetem as suas tropelias. Prefiro de longe (uma distância que remonta há dez anos atrás) a sua versão em carne e osso, realizada por James Cameron e protagonizada por Arnold Schwarzenegger e Jamie Lee Curtis, True lies, A verdade da mentira. Alguém se recorda desta diveridíssima revisão do universo Bond transferido para o american way of life que é também um elogio à coesão e à bravura de uma família "normal"?
Os super-heróis é um bom filme mas a curta metragem que o antecede, em rima, sempre acompanhada por música bluegrass, que conta a história do carneiro tosquiado dançarino é melhor do que o prato principal. Vale a pena ser pontual!

terça-feira, dezembro 07, 2004

Cinema: escolhas de 2004

Este ano vi talvez uns 50/60 filmes em sala. Tempos houve em que via três vezes mais do que isto. Tempos houve com melhores filmes. E com mais tempo livre... Apresento de seguida as minhas escolhas: os melhores por ordem crescente (do melhor dos melhores ao "pior" dos melhores) e os piores pela ordem inversa (do pior dos piores ao "melhor" dos piores). Dez para cada lado. Após consulta do programa de estreias até ao fim do ano que não é animador.

MELHORES:
1) The village;
2) Kill Bill, vol. 2;
3) La mala educación;
4) Lost in translation;
5) Choses secrètes;
6) Big fish;
7) O herói;
8) House of sand and fog;
9) Japanese story;
10) Collateral.

PIORES:
10) Eternal sunshine of the spotless mind;
9) Ma mère;
8) 21 grams;
7) The brown bunny;
6) Thirteen;
5) The forgotten;
4) La petite Lili;
3) Super size me;
2) Spider-man 2;
1) Cold mountain.

segunda-feira, dezembro 06, 2004

Todos

Todos menos eu.

Admirável solilóquio

Desconfio que o dr. Rui Falcão e o cavalheiro João Pedro George são uma só e a mesma pessoa.

domingo, dezembro 05, 2004

Rimar (em Coimbra) com o "leão"

Quem não tem banco deixa o treinador de cabeça perdida e arrisca-se a uma vitória sofrida.

ET's e aspiradores

Há gente em Hollywood que produz histórias que vão da aparente maternidade histérica da protagonista (Julianne Moore), pela via dos "ficheiros secretos", até uma movimentada aventura que mete extra-terrestres que sugam as memórias quando não os próprios portadores destas com um propósito que deixa qualquer espectador de ombros encolhidos. O filme, Misteriosa obsessão, The forgotten é, como o próprio título indica, para esquecer...

sábado, dezembro 04, 2004

À nossa imagem

Olhem para mim, Comme une image de Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri, é um filme que reflecte a imagem daquilo que em parte somos: burgueses, mais ou menos cultos, mais e menos bem humorados. É uma obra simpática, como aliás já o era O gosto dos outros, da mesma dupla, mas nota-se desta vez que os autores se agarraram demasiado ao material por eles também escrito. Olhem para mim seria um filme melhor com menos meia-hora, acho?

sexta-feira, dezembro 03, 2004

16 de Janeiro de 2001

Recordar "o" grande homem não faz nada pela minha falta de assunto.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

É preciso acreditar

«The secret of the man who is universally interesting is that he is universally interested.»
William Dean Howells

Rimar com o "leão"

Quem não tem banco arrisca-se a ficar em branco.


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