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segunda-feira, outubro 31, 2005

Aguarda-se sentença do João Lisboa (e avança-se classificação provisória)



Num certo não-sentido é até bom que a música dos Animal Collective seja apenas igual a si própria e diferente de tudo o resto. Estas crias de um improvável cruzamento dos Buthole Surfers com os Hugo Largo são responsáveis pelo OVNI musical de que toda a gente fala: Feels.
O ano passado - à data da edição de Sung Tongs - foram bem menores os ecos sucitados pela bizarria Animal Collective (música que conhece apenas duas velocidades: o slow-motion e o fast-forward) e não estou certo de que Feels seja melhor que o disco anterior. Tenho, aliás, imensas dúvidas. (7/10)

domingo, outubro 30, 2005

Na semana em que estreará "The Constant Gardener"



Apetece-me recordar uma recente e muito boa adaptação de John Le Carré ao grande ecrã. O filme de John Boorman já está para lá do desencanto com a visão romantizada do espião: e acaba por ser de suprema ironia ir buscar Pierce "James Bond" Brosnan (excelente, assim como Geoffrey Rush na personagem do "alfaiate") para o papel de um agente do MI6 caído em desgraça e vazio de escrúpulos.
The Tailor of Panama vale o que vale a sua total descrença na espécie humana. Cada um faz o melhor que sabe para se safar o melhor que pode. Se não conhecem o filme, ou ainda que o tenham visto já, impõe-se a revisão da matéria satírica.

The Constant Gardener no IMDB

A palavra dos amigos é Lei


Dylan Walsh (Sean McNamara) e Julian McMahon (Christian Troy) mais corpo feminino

Descobri na Fnac a primeira época de uma série de que apenas tinha ouvido falar por vozes amigas: Nip/ Tuck. O primeiro DVD da caixa foi quanto bastou para nos deixar agarrados. Nip/ Tuck tem a ver com tudo de bom que a ficção americana nos deu em anos recentes - Os Sopranos, Six Feet Under, Donas de Casa Desesperadas - e tem ainda um óbvio interesse pelo corpo humano que remete para o cinema de Cronenberg, só que apresentado com maior grau de explicitude: as cirurgias estéticas de Nip/ Tuck não são, definitivamente, para todos os estômagos.
Nip/ Tuck tem no centro dois cirurgiões plásticos que trabalham juntos e que acabam competindo um com o outro devido às suas diferenças de carácter e de história de vida muitas vezes partilhada. É uma excelente série moderna, cheia de conflitos interiores com que nos identificamos; cheia de contradições que são por vezes as nossas; cheia de uma obsessão com o corpo que mais não é do que o veículo privilegiado da nossa insegurança. Nip/ Tuck promete muito e cumpre já o bastante. E ainda vamos no terceiro episódio...

Do 0-2 ao dois igual

Um Boavistão encostou o Sporting às cordas na maior parte do tempo. O resultado final é sinónimo de "estrelinha": do quê não sei. E o que há a fazer pode implicar futuras contratações. A defesa e o meio-campo são dois sectores a cimentar. Quero dizer, a reforçar.

Um disco feliz



Brian Eno nem precisava de mencionar nas notas que acompanham Another Day On Earth, que o disco foi produto de um trabalho de estúdio marcado pela felicidade. Isso ouve-se em cada uma das suas onze faixas em cujas palavras e sons se equivalem no vasto e abstracto território que é a música: canções marcadas pela leveza (por uma quase total ausência de gravidade como já não se ouvia desde Moon Safari, dos Air), de outro tempo, de outro mundo, de outra Terra. (8/10)

A MOEDA MÁ, por Vasco Pulido Valente (excerto)

«Já se percebeu há quase meio século que não vale a pena “sobre-educar” sociedades com um mercado de emprego semi-arcaico, porque as “competências”, sejam elas quais forem, de facto desnecessárias, desandam para onde as podem usar e, naturalmente, lhes pagam bem. Na prática, o contribuinte português paga hoje a “qualificação” e a “formação” de uma pequena parte dos recursos, que por aí se chamam “humanos”, da América e do Canadá, da Inglaterra e da França, da Espanha e do Brasil. E paga também a “qualificação” e a “formação” de 5.000 pessoas por ano, que o Estado enganou e condenou a uma vida para sempre frustrada.
E a história não acaba aqui.»

[Público, domingo, 30 de Outubro de 2005]

Sábado



Convém dizer que os dois discos abaixo mencionados foram ouvidos cada um em seu turno, várias vezes seguidas, acompanhando a leitura de jornais e revistas do dia. Prazer que se tornou hábito e que prolonga o acto de leitura mais a atenção à música por longas horas seguidas. Hoje terão sido cerca de seis ou sete: 3+4 ou 4+3.

sábado, outubro 29, 2005

Outra boa companhia


Uptown Sunday Night Session, por Romare Bearden

Romare Bearden (1911-1988) foi um pintor que buscou inspiração no mundo do jazz para grande parte da sua obra. Branford Marsalis, com o habitual quarteto, com o clã Marsalis, e numa das faixas com o piano de Harry Connick Jr., presta-lhe sentida e inspirada homenagem.
As imagens de Bearden chegaram a figurar nos CD's de Wynton Marsalis, daí o motivo de inclusão de uma brilhante reinterpretação de J Mood agora neste disco de Branford, Romare Bearden Revealed. Um disco com muito blues, bastante jazz, montes de música boa. Que eu desconhecia. Até hoje. (7.5/10)

Uma boa companhia


Jon Hassell

O som de Jon Hassell fascina-me. Acho que ouvi o seu trompete pela primeira vez na estreia a solo de David Sylvian. Mais tarde, muitos anos depois, de novo, numa obra-prima chamada Fascinoma com Ry Cooder e o indiano Ronu Majumbar. Foi demorado reconstituir a partir daqui a discografia de Hassell, do presente para o passado. Mas fui bem sucedido: tenho hoje a maior parte dos seus CD's. Inclusive o que saiu este ano e que se chama Maarifa Street: magic realism 2. O disco parte do registo das actuações ao vivo da banda que Jon Hassell liderava entre 2002 e 2003, e o som captado foi depois aperfeiçoado em estúdio. O resultado final não andará longe da música que Miles Davis produziria caso fosse vivo. Que digo eu... Miles ainda é vivo no instrumento e na música de Jon Hassell que, ao mesmo tempo, não deixa de ser muito personalizada. E fascinante. Muito. (9/10)

Esperar sentado



Esperar sentado é uma virtude. Oxalá não tenha que esperar muito.

A eternidade e um dia


ascent


eternal

Faltam dois meses para 2005 se cumprir, mas dificilmente os melhores discos de jazz, nacional e internacional, poderão ser outros. Na altura que os classifiquei, Sassetti levava mínima vantagem sobre Marsalis. Agora que os reavalio, vejo-me forçado a reconhecer que entre a eternidade de um e o dia de outro, o infinito leva vantagem.

sexta-feira, outubro 28, 2005

O bom disco é um disco riscado



Dentro do género electrónica risca-o-disco-toca-o-mesmo, tenho que dizer que já ouvi melhor. Mas acho também provável que um próximo CD de Mitchell Akiyama possa vir a ser tão bom como o melhor Christian Fennesz ou o melhor Tim Hecker. Ou porque não o melhor Four Tet. (7/10)

Íntimo



O conceito de escopofilia, que corresponde ao prazer de olhar (normalmente uma cena íntima; mas que também se aplica ao prazer do cinema e de que maneira...), é muitas vezes confundido com voyeurismo, que pressupõe já que quem esteja a ser observado não saiba do facto.
O exemplo escolhido diz respeito à escopofilia na sua expressão mais pura (a expressão de um rosto) e vale a pena espreitar a free sample mesmo que seja para não repetir. E se não fôr... que seja.

O seu a seu dono


Isaiah Berlin (1909-1997)

João Lobo Antunes, mandatário nacional de Cavaco Silva, citado pelo Público no momento da apresentação do manifesto da candidatura: "Liberdade é liberdade, não é igualdade, não é justiça, não é cultura, não é felicidade humana, não é uma consciência tranquila (...)" [pág 3, edição impressa, sexta-feira 28 Out. 05]

João Lobo Antunes? Espera aí, Lobo Antunes não mas Isaiah Berlin, que eu posso não ler o suficiente mas nunca me esqueço dos amigos.

quinta-feira, outubro 27, 2005

Antioxidantes do mundo, uni-vos!



Duas excelentes entradas no Da Literatura: sobre delírios inofensivos e perigosos. Um único pedido em nome da lucidez: não se pode erradicar este radical livre extremamente reactivo?

Eu cá gosto ainda mais das canções com nome de animais*


Thomas Fersen

"Mon imagination a longtemps été un handicap, car je n'avais pas les pieds sur terre, observe Fersen dans son appartement parisien. Par une inversion bénigne, c'est devenu un avantage. Il y a aussi une lucidité aiguë : je vois des choses que personne ne voit, et je ne vois pas ce que tout le monde voit." Cet imaginaire se ravitaille aussi au café du coin et dans la littérature. "J'ai trouvé le titre, Le Pavillon des fous, dans Moravagine, de Blaise Cendrars, explique-t-il. C'est l'histoire de l'héritier d'un trône d'un pays balte qui en est écarté. Il se retrouve dans un pavillon en Suisse avec d'autres rejetons royaux et des personnages comme on en rencontre chez Francis Scott Fitzgerald. De la fin du XIXe siècle à la première guerre mondiale, il y avait une industrie de l'asile, luxueuse, pour les aristocrates et les grosses fortunes." [Bruno Lesprit, Le Monde, Outubro 2005]

* Exemplo: "Mais en voyant cette blanche/ Et le dessin de ses hanches/ Dans une auréole blonde, / J'ai fait mes adieux au monde, À la lune vagabonde, / Belle comme une femme amoureuse, / À ma raison qui me gronde: / "C'est ta tombe que tu creuses". [#3 Pégase]

Introduzindo quase imperceptíveis variações em relação aos discos anteriores, o novo CD de Thomas Fersen - que por cá não se arranja - volta a ser adoravelmente macabro e muito divertido. Como ele próprio canta, ideal para nos despedirmos do mundo. Todos os dias. Com pompa, dependendo das circunstâncias.

Só meia-dose, please!



Wallace & Gromit é especial, claro está, por causa de Wallace e de Gromit. Agora que já sabíamos quem eles eram graças às divertidíssimas curtas aventuras assinadas por Nick Park, o investimento na caracterização das duas figuras não tinha muito sentido. Em A Maldição do Coelhomem o cuidado dirigiu-se sobretudo para a história, para os gags e para alguns secundários: excelente o caçador Quartermaine na voz de Ralph Fiennes. E o filme consegue ser divertido mas não durante 85 minutos. A cena final que tem lugar na grande feira dos vegetais, ou na feira dos grandes vegetais, é muito bem-vinda pois traz alguma animação que disfarça que a “maldição” devia ter pouco mais de metade da sua duração. O problema da animação em geral passa essencialmente pelo facto de serem poucos os autores que conseguem aplicar eficazmente o formato à longa-duração. E aposto que Tim Burton, pela excepção que confirma a (minha) regra, virá de novo em breve mostrar como tenho razão.

Classificação: (6/10)

Acústico (sem estrelas)



Rock Bottom Riser (Bill Callahan)

I love my mother
I love my father
I love my sisters, too.

I bought this guitar
To pledge my love
To pledge my love to you

I am a rock
Bottom riser
And I owe it all to you

I saw a gold ring
At the bottom of the river
Glinting
At my foolish heart
So my foolish heart
Had to go diving
Diving, diving, diving
Into the murk

And from the bottom of the river
I looked up for the sun
Which had shattered in the water
And pieces were rained down
Like gold rings
That passed through my hands
As I thrashed and I grabbed
I started rising, rising, rising

I left my mother
I left my father
I left my sisters, too
Left them standing on the banks
And they pulled me out
Of this mighty, mighty, mighty river
I am a rock
Bottom riser
And I owe it all to you


(Então e o resto do disco? O resto é igualmente magnífico, do melhor que Smog gravou. A beleza das coisas simples é ouvidente, embora não possa aqui ser escutada dada a minha preguiça tecnológica)

quarta-feira, outubro 26, 2005

A TV do futuro em verdades relativas

A Televisão, Tal Como a Conhecemos, Acabou foi tema inaugural da terceira temporada do "É a Cultura, Estúpido!", no São Luiz. Convidados: Emídio Rangel e João Lopes. Conclusões: quem continuar a ver televisões generalistas pagas pelos anunciantes, merece a TV que tiver; quem estiver disposto a pagar canais temáticos da Cabo ou outros, terá a televisão que merece. Lógica implacável. A televisão do futuro começa hoje.

O amor às 3 da tarde

Ainda que estivesse a trabalhar teria arranjado forma de estar presente no jogo da Taça. A partida foi sofrível e sofrida mas ganhámos. A revolução segue dentro de momentos.

O que é Dinis Machado é bom!



Hoje com o Público, Mão Direita do Diabo (1967), de Dennis McShade. Já comecei a ler e já comecei a gostar. "Se os crimes de Maynard não são obras de arte, a arte é que fica a perder." (pág. 16)

Na paragem de autocarro



- Já aí vem ó chefe.
(olhando melhor...)
- Chefe não, patrão!
(diga-se que eu estava com o meu habitual ar sério...)
- Nem chefe nem patrão, a não ser de mim próprio.

Ácido como o sumo de dois limões em jejum

«‘Do you think that was a very nice thing to say?’
‘I wasn’t trying to be nice.’ Then after a pause: ‘When do you want to go?’
Bernice drew in her breath sharply.
‘Oh!’ It was a little half-cry.
Marjorie looked up in surprise.
‘Didn’t you say you were going?’
‘Yes, but –’
‘Oh, you were only bluffing!’
They stared at each other across the breakfast-table for a moment. Misty waves were passing before Bernice’s eyes, while Marjorie’s face wore that rather hard expression that she used when slightly intoxicated undergraduates were making love to her.
‘So, you were bluffing’, she repeated as if it were what she might have expected.
Bernice admitted it by bursting into tears. Marjorie eyes showed boredom.
‘You’re my cousin,’ sobbed Bernice. ‘I’m v-v-visiting you. I was to stay a month, and if I go home my mother will know and she’ll wah-wonder – ’
Marjorie waited until the shower of broken words collapsed into little sniffles.
‘I’ll give you my month’s allowance,’ she said coldly, and ‘you can spend this last week anywhere you want. There’s a very nice hotel –’
Bernice’s sobs rose to a flute note, and rising of a sudden she fled the room.»

[F. Scott Fitzgerald, Bernice Bobs Her Hair (Penguin), pág. 16]

terça-feira, outubro 25, 2005

O mais belo filme do mundo?



Muito do que se tem escrito sobre Aurora dá-o como sendo “o mais belo filme do mundo”. Com pesar reconheço a minha insensibilidade para ver nesta obra de F. W. Murnau algo mais do que um melodrama exemplar sobre o amor que se redimensiona quando toma por perdido o objecto amado. Aurora (1927) requer várias décadas depois demasiadas ingenuidade e fé do espectador e até mesmo ao nível da pura emoção estética arriscaria dizer que este título fica aquém de outros marcos do expressionismo romântico do mesmo autor, como são os casos de Fausto (1926) e Nosferatu (1922).
Lamento, queria muito gostar deste filme que demorei tantos anos para ver uma primeira vez. Acontece que parte nenhuma em mim se emocionou como das vezes que descobri Vertigo (Hitchcock), A Palavra (Dreyer), A Desaparecida (Ford), Bitter Victory ou Lusty Men ou Johnny Guitar (Ray), Some Came Running (Minnelli), A Imperatriz Wang Kwei-fei (Mizoguchi), Tokyo Story (Ozu), Quando uma Mulher Sobe as Escadas (Naruse) ou ainda A Regra do Jogo (Renoir). O que se passou com Aurora foi que todo este tempo depois falta ao filme a capacidade de fazer abrir o meu coração como se terá aberto o do público da época e o de muitas pessoas que hoje persistem em considerá-lo “o mais belo filme do mundo”. Na minha opinião, aquilo que ao fim e ao cabo define um Clássico: uma superior comoção. Ou então era eu que hoje não estava para amar.

Fala-se na "vila"


Christiane Torloni


Fala com o meu Banco!

«Esse Custódio nascera com a vocação da riqueza, sem a vocação do trabalho. Tinha o instinto das elegâncias, o amor do supérfluo, da boa chira, das belas damas, dos tapetes finos, dos móveis raros, um voluptuoso, e, até certo ponto, um artista, capaz de reger a vila Torloni ou a galeria Hamilton. Mas não tinha dinheiro; nem aptidão ou pachorra de o ganhar; por outro lado, precisava viver. Il faut bien que je vive, dizia um pretendente ao ministro Talleyrand. Je n’en vois pas la nécessité, redargüiu friamente o ministro. Ninguém dava essa resposta ao Custódio; davam-lhe dinheiro, um dez, outro cinco, outro vinte mil-reis, e de tais espórtulas é que ele principalmente tirava o albergue e a comida.»

[Machado de Assis, Um Homem Célebre: antologia de contos (Cotovia), pág. 11 “O Empréstimo”]

Booklover



Vasculhando promoções na Barata, descubro que Bernice Bobs Her Hair, canção do primeiro disco oficial dos The Divine Comedy (a que se regressa sempre com prazer), é também título de uma história de F. Scott Fitzgerald. Espanto? Não há espanto, afinal trata-se de Neil Hannon, o artista que logo depois nos daria esse caso extremo da citação aplicada à música que é The Booklovers: " (...) James Joyce: Hello there!/ Virginia Woolf: I'm losing my mind!/ Marcel Proust: Je me'en souviens plus/ F Scott Fitzgerald: baa bababa baa/ Ernest Hemingway: I forgot the..../ Hermann Hesse: Oh es ist alle so häßlich/ Evelyn Waugh: Whoooaarr! (...)".

segunda-feira, outubro 24, 2005

a, b, ... symbol

Susumu Yokota tornou-se após a edição de sakura, em 1999, e à escala alargada do ocidente, uma figura de referência da electrónica ambiental e de outras variantes mais dançaveis que não tive curiosidade de explorar. A sua discografia totaliza hoje 25 títulos e remonta a anos anteriores, embora nesse outro tempo o culto se mantivesse mais circunscrito. Yokota é considerado um Mestre por gente a quem muitos de nós aplicaria igual epíteto: Philip Glass, Thom Yorke ou Brian Eno. E só uma desmesurada dose de auto-confiança poderia estar na origem de um disco como symbol. Yokota sampla peças que são verdadeiros ícones da música clássica ocidental (daí talvez o nome do disco, symbol) – daquelas que figuram invariavelmente em compilações do género Classical Experience -, de Beethoven a Tchaikovsky, num corropio de melodias de reconhecimento imediato a que o músico nipónico sobrepõe camadas de sintetizadores, vozes também sampladas a partir de álbuns de Meredith Monk, excertos da composição “four walls” de John Cage, tudo organizado como se o objectivo fosse a superação dos mais elevados níveis de beleza e sofisticação. Disco de escuta fácil que facilmente pode ver-se aprisionado pelo descrédito de ouvidos mais apressados, symbol revela-se um fenómeno de montagem de elementos sonoros organizados de acordo com os caprichos de Susumu Yokota: iconoclasta que não deixa sequer perceber outro tipo de relação com o material samplado que não seja a meramente utilitária. Yokota já se havia aproximado deste tipo de experimentação, mas nunca antes o tinha feito de forma tão descarada. O resultado é pelo menos surpreendente.

Classificação: (7/10)

Discografia recente, recomendada e muito cá de casa: sakura (leaf, skintone 99/00); grinning cat (leaf, skintone 01); the boy and the tree (leaf, skintone 02) e laputa (skintone 03)

May her music never end


Shirley Horn (Maio 1934 - Outubro 2005)


domingo, outubro 23, 2005

Pensar (só) em ganhar

Quando Liedson, em Barcelos, repõe a igualdade já em período de descontos, a equipa resolve celebrar junto à linha de fundo perante o inconformismo de Paulo Bento que com toda a legitimidade pensava ainda na vitória. O episódio é bem exemplificativo da mudança de atitude que tem que ser operada no Sporting. Os jogadores pareciam felizes com o empate; a equipa não se pode contentar jamais a não ser com a vitória. Fragilidades defensivas, um meio-campo pouco municiador e um ataque desinspirado pedem de Paulo Bento e de toda a equipa técnica uma verdadeira revolução. Vamos a ela.

Silver Jews


David Berman

Uma feliz conjugação de factores permitiu que o colaborador do Y (Público), João Bonifácio, fizesse uma reportagem com um dos seus heróis musicais, o líder dos Silver Jews, David Berman: o gajo que canta como o JP Simões dos Belle Chase e do Quinteto Tati ou vive-versa. O resultado final surgiu impresso na edição da passada sexta-feira do Y e o mínimo que se pode dizer é que só por si já valia a aquisição do dito suplemento.
À reportagem/ entrevista propriamente bem escrita segue-se um excelente perfil de Berman e a crítica ao novo CD, Tanglewood Numbers, que escuto neste preciso momento - sim, porque também não ando propriamente a dormir em serviço e tinha já três dos quatro discos anteriores dos Jews. E uma vez que insistem, tenho também o muito elogiado livro de poemas de David Berman, Actual Air, que já não pego há algum tempo não sei se por ter sido (o até hoje único livro) alvo da gula dos gatos cá de casa...

Grizzly Man (doclisboa)


homem e urso no mesmo plano (zero efeitos especiais)

Timothy Threadwell é o grande realizador por detrás deste documentário de Werner Herzog. Threadwell é o excêntrico que dá título ao filme, Grizzly Man. Todos os anos, num total de treze, pelo Inverno, punha em prática a sua fantasia regressiva e partia rumo ao Alasca, para uma área protegida habitada por dezenas de ursos grizzly, que o próprio Timothy baptizaria um a um e cuja vivência registaria num total de mais de cem horas de material que só teve fim no dia da sua morte. Timothy Threadwell viveu a fantasia com tal comprometimento que acabou transformado num urso da única forma possível: sendo devorado por um grizzly (ele e a namorada que esporadicamente o acompanhava). Quando referi que Threadwell era "o" grande realizador de Grizzly Man, quis dizer que é o seu material que Herzog usa abundantemente que imprime um cunho tão particular a este filme. O interesse de Herzog pela loucura de Threadwell – pela utopia representada na visão idealizada da natureza como se fosse o prolongamento do imaginário de uma criança que constrói um mundo perfeito quando brinca sozinha – será também o nosso quando assistimos, incrédulos, a diferentes manifestações dos delírios de Timothy Threadwell, sujeito aparentemente normal, mas que a totalidade do material deixado vem a revelar que encontrara um modo muito pessoal e inofensivo de se refugiar da civilização que desprezava, em favor do mundo natural de que tinha uma concepção não menos ingénua. A abordagem de Werner Herzog nunca se propõe expor Threadwell ao ridículo, embora algumas pessoas o vissem como tal. É impossível resistir à ingenuidade do olhar dele (apesar de irmos percebendo o ressentimento e o recalcamento que lhe pré-existem), à insensatez do modo como se aproximava dos ursos que o podiam desfazer num instante, das suas teorias sobre si próprio e a sua bravura e o seu amor pelos animais. O material de Threadwell recorda-nos muitas vezes o conceito de montagem invisível de Bazin: o risco é constante (aqui não há lugar a efeitos especiais) e o material é um registo diário que oscila entre a iminência do perigo de morte e a predisposição da natureza para apresentar imagens de beleza muito além da capacidade humana de encenação (mas há lugar, e bastante, para efeitos naturais). Na irrealidade de Threadwell, o efeito de realidade era total.

Classificação: (7/10)

sábado, outubro 22, 2005

O efeito assinatura pronto-a-ouvir



Impossível ser imparcial quando se trata de David Sylvian. Que se dane a imparcialidade. (7.5/10)

Bright Leaves (doclisboa)


Ross McElwee, o homem da câmara-de-filmar

Gosto do narcisismo de McElwee porque é irónico. Ele volta a contar parte da sua história familiar em Bright Leaves, e os McElwee são referidos como alguém que foi ultrapassado na história ilustre da Carolina do Norte. Este Estado confunde-se com tudo o que tenha a ver com tabaco, sua produção e consumo, assim como o nosso Douro remete no imaginário de todos para a produção de vinhos e o que com ela se relaciona. McElwee irá depois procurar compreender como poderão continuar a fumar com a mesma insensatez, aqueles que viram morrer mais gente de cigarro na boca do que de espingarda na mão (na histórica guerra que opôs os do Norte e os do Sul). Ficamos sem resposta pois McElwee não a consegue obter. Afinal o tabaco apresenta-se como um substituto de tanta coisa, quando não o hábito que nasce da razão de ser da própria vida. O documentarista americano arrisca um tom quase moralista mas o fascínio pelo Outro fá-lo ir mais além. Bright Leaves não julga o que vê, limita-se a questionar e a transitar livremente do espaço íntimo ao espaço social, relacionando tudo: cinema, tabaco, história, estórias, vida e morte.

Classificação: (7/10)

O mistério Cobain

Blake em posição fetal: nascimento e morte

Last Days de Gus van Sant é um filme compósito. E existem várias pistas para aquilo que levou à construção da personalidade poética de Blake (Michael Pitt): além do que até nós chegou do que terão sido os últimos tempos de vida de Kurt Cobain em que o filme vagamente se inspira, há ainda a história escutada no filme sobre um rapaz de 14 anos que após ter sido visitado por Cristo iria fundar a Igreja dos Últimos Dias; outra história que um dos personagens conta acerca de um mágico inglês que ao executar um número em que deveria segurar uma bala com os dentes veio a morrer, nunca se averiguando se a causa fora suicídio ou infortúnio; finalmente a letra da música dos Velvet Underground, Venus in Furs, que os amigos de Blake escutam e que fala de cansaço existencial e dominação por entre acordes de guitarra psicadélicos e hipnóticos.
Há também uma cena em que Blake fechado sozinho no estúdio experimenta a sobreposição de sons produzidos por vários instrumentos que resultará numa massa sonora - camada sobre camada - tão abstracta como o é o próprio filme de van Sant. Temos ainda a questão da não presença objectiva da droga que no entanto se sente em cada plano, infiltrada que está na própria corrente do filme. Assim como em Alice - para citar um filme recentemente estreado - nunca vemos a criança cujo desaparecimento contamina todos os planos do filme com o desespero e o luto, também em Last Days a droga que nunca se vê está na prostração dos personagens, zombies desta crónica lo-fi de uma morte anunciada – a de Blake/ Cobain. E esse olhar fascinado do realizador pela figura sonolenta daqueles jovens que se arrastam pelas divisões da casa onde se encerraram numa existência letárgica tem paralelismo com outro filme de van Sant, My Own Private Idaho onde, se nos recordarmos, uma das figuras principais, interpretada pelo prematuramente desaparecido River Phoenix, sofria de ataques de narcolepsia que o punham a dormir de um momento para o outro.
A primeira vez que vemos Blake, ele surge como se se tratasse de uma criatura dos bosques e essa marca de primitivismo, de uma inocência reconciliada apenas com o mundo natural, não mais deixará de se fazer sentir em Last Days. Blake é alguém que observamos a despedir-se aos poucos da vida, que progressivamente se apaga no interior dos próprios planos de onde o vemos assomar, ora remetendo-se a um estado quase preguiçosamente felino, ora fundindo-se com a floresta que o recebe como se ele sempre tivesse dela feito parte, ora elevando-se aos céus qual anjo cujos últimos dias de vida sonhada Gus van Sant recriou com total liberdade poética e respeito absoluto pelo mistério da vida, em parte inspirada no mistério Kurt Cobain.
“Longa e solitária é a viagem do nascimento até à morte”: podia ser o epitáfio de Cobain mas é apenas o refrão de uma canção que o actor Michael Pitt (Blake) escreveu e canta em Last Days. Outra pista para um filme que à semelhança de Elephant não é de chave na mão.

Classificação: (8/10)


quinta-feira, outubro 20, 2005

Nove canções



Tenho muita vontade de falar do novo projecto de David Sylvian com Burnt Friedman e Steve Jansen, Nine Horses. O número de cavalos corresponde ao número de canções: constatação irrelevante. O número de canções corresponde e não corresponde a momentos anteriores da discografia de Sylvian (Dead bees on a cake e mais não dou!). O álbum é mais acessível do que as reacções que antes li fariam supor. Depois de Blemish é um assinalável golpe de rins. Sylvian a experimentar formatos mais reconhecíveis e nós a experimentar novas formas de sedução por ele propostas. Os enquadramentos sonoros são menos surpreendentes do que os de The Only Daughter, The Blemish Remixes. David Sylvian parece fazer hoje questão de estar onde não esperamos por ele. A voz serve sempre de referência e para que não me perca em rodeios vou ouvir melhor este Snow borne sorrow antes de arriscar opinião alinhada ou conformista. É que possuo um grau de exigência muito pessoal para com aquilo que considero muito meu. Toca a canção número nove, The librarian, e o interesse volta a aumentar. A continuar.

Mar adentro



O concerto esgotou, ouvi dizer. Oxalá não enjoem! Quando os Animal Collective entravam rio adentro com as suas tralhas para assinalar o 11º aniversário da ZDB, eu pagava o seu novo disco junto com muita outra música e um bacalhauzinho que por certo não terão pescado os que se prontificaram a ouvir Feels no mar do rio. Desculpando-me com a constipação para mais uma vez não trocar o certo pelo duvidoso. Invejoso.

Parto sem dor


imagem da apresentação de Segundo em São Paulo

Maria Rita herdou uma grande voz por capricho da genética. Por capricho ou não de Maria Rita, as suas interpretações nalguns casos fazem esquecer a própria Elis, especialmente para aqueles que não são fãs da histeria quando era isso que se ouvia. Maria Rita entretanto foi mãe e isso talvez se faça notar mais no seu Segundo disco do que uma escuta desatenta possa supor: onde Maria Rita era exuberância, Segundo é melancolia.
A predominância de temas lentos, auto-reflexivos expõe alguma imaturidade de Maria Rita enquanto intérprete – evidente em Sobre todas as coisas de Chico e Edu. Ela tem uma voz formidável mas ainda não é a cantora extraordinária que muitos apregoam. Cantor extraordinário é Ney Matogrosso, apenas para me ficar por alguém que em termos de timbre remete para a voz de Maria Rita. E depois Maria Rita optou por fazer um CD em continuidade com o primeiro. Poupou-nos surpresas, boas ou más. Reforçou o carácter jazzístico. E produziu na companhia de Lenine um disco agradável. Mas um pouco preso de arranjos (Conta outra, ao vivo, faixa bónus é outra história...) Dir-se-ia tratar-se de um parto sem dor, embora seja notório algum cansaço na voz talvez decorrente do outro parto, por certo bem mais importante para ela do que o cimentar de uma carreira que embora jovem é à prova de mínimos desaires. Como Segundo.
Se a editora começa já a pensar no disco terceiro, poupo-lhe o trabalho da direcção musical que o mesmo deve tomar: que tal um trabalho inteiramente dedicado ao repertório Marcelo Camelo, o dos Los Hermanos? É só uma dica, nada mais.

Classificação: (7/10)

Yes Mister



Com a devida vénia ao "senhor professor", o homem do dia é este.

quarta-feira, outubro 19, 2005

Kate quase Weston


Kate Hudson e Edward Weston


Grande cena, grande actor, grande filme


Philip Seymour Hoffman: um dos maiores actores da actualidade e ponto final

William Miller (Patrick Fugit) está sentado na frente da secretária tentanto escrever sobre os dias passados na companhia da banda Stillwater. Procura inspiração nas polaroids que Peggy Lane (Kate Hudson) tirara na mesma tournée mas nada lhe sai. William telefona então para o seu amigo e mentor Lester Bangs (Philip Seymour Hoffman):

Lester – Oh, man, you made friends with them. See, friendship is the booze they feed you, cause they want you to get drunk and feel like you belong.
William – Well, it was fun.
Lester – Because they make you feel cool. Hey, I met you. You are not cool.
William – I know. Even when I thought I was, I wasn´t.
Lester – Because we are uncool. While women will always be a problem for guys like us, most of the great art is about that very problem. Good-looking people, they got no spine. Their art never lasts. They get the girls, but we’re smarter.
William – Yeah, I can really see that now.
Lester – Because great art is about guilt and longing and love disguised as sex and sex disguised as love. Hey, let’s face it, you got a big head start.
William – I’m glad you were at home.
Lester – I’m always home. I’m uncool.
William – Me too.
Lester – You’re doing great you know? The only true currency in this bankrupt world is what you share with someone else when you’re uncool. Listen, my advice to you, I know you think these guys are your friends, if you want to be a true friend to them, be honest and unmerciful.

Acho que aquilo de que mais gosto em Almost Famous, Quase Famosos é que embora os personagens se julguem entre si, o realizador Cameron Crowe não tece julgamentos sobre nenhum deles. Pois se lhe perguntassem, como no filme, do que é que ele gosta na música, por certo responderia TUDO. Eu gosto de tudo neste filme.

Classificação: (8.5/10)

Lulas só com salada



O Beckett entrou no Bitoque quando eu estava a almoçar. Trazia um saco de plástico cheio de tupperwares que seriam enchidos com dobrada: prato do dia. Esperou junto da entrada enquanto fumava um Português Suave sem filtro. Não final não esqueceu também os papo-secos que trouxera num outro saco mais pequeno. Saiu antes de eu beber o café. Alguém chamou-lhe João mas fiquei com a impressão de que era Beckett. Não comi lulas.

Sonhos bons


terça-feira, outubro 18, 2005

A vida é dura e o tamanho faz diferença



Acabo de rever Boogie Nights, belíssima ilustração da lei da gravidade sob a forma de filme: tudo o que nele sobe acaba forçosamente por descer (tombar, cair). Dura duas horas e meia e não tem um minuto a mais.

Classificação: (8.5/10)

segunda-feira, outubro 17, 2005

Um filme vulgar



Crónicas, de Sabastián Cordero, é um filme vulgar. No sentido em que é desonesto. A desonestidade de Crónicas reside no modo como procura introduzir ambiguidade naquilo que para nós é evidente. É clara desde o início a identidade do serial-killer conhecido como “o monstro de Babahoyo”. Mas ainda assim, Cordero não se coíbe de lhe colocar palavras santas na boca (ex. “... e aquele que estiver inocente que atire a primeira pedra...”) no momento em que este, ainda incógnito, quase é linchado na sequência de um atropelamento acidental. O olhar de Cordero sobre “o monstro” continuará a ser falsamente piedoso. Pelo contrário, a ambição que não olha a meios de Manolo Bonilla (repórter principal de um programa de TV sensacionalista) também ultrapassa os limites do plausível em nome de um suspense que o filme procura manter de forma denunciada. É caso para dizer que Crónicas padece de enfermidade comum ao registo televisivo que ataca na denúncia de um mundo manipulador e injusto.

Classificação: (2/10)

Um disco sublime



Implica primeiro que a música também o seja.

Kirkland


Kenny Kirkland (1955-1998)

Uma vagamente nostálgica sensação de perda 7 anos depois.

Depois do estágio a Academia (a solução)



Vítor Pontes: como é que nos havíamos esquecido dele?

Double portrait(s)


domingo, outubro 16, 2005

Por hoje é tudo



A Streetcar Named Desire (1951); Chinatown (1974); The Subterraneans (1960); Anatomy of a Murder (1959); The Pawnbroker (1965); Taxi Driver (1975); Degas' Racing World (1968); Man With the Golden Arm (1955); Clockers (1995); Terence Blanchard (tp); Joe Henderson (ts); Donald Harrison (as); Steve Turre (tb); Kenny Kirkland (p); Reginald Veal (b); Carl Allen (dr); Strings.

Leva um amigo também

Mas Dias da Cunha poderá afirmar que foram os milhares de adeptos da Briosa presentes, que repetidas vezes, em coro, a alto e bom som, o mandaram "pró caralh.....".

sábado, outubro 15, 2005

LaChapelle fotógrafo





Imediatamente reconhecível mas não para todos os gostos.

Rize (doclisboa)



O III Festival Internacional de Cinema Documental de Lisboa (doclisboa) arrancou hoje com escolha acertada. Rize, do fotógrafo de moda excêntrico tornado documentarista, David LaChapelle, aborda de forma simples e calorosa o fenómeno do “krumping”, dança urbana e primitiva dos jovens pobres de South Central, LA, que funciona como exorcismo para a revolta e violência sublimadas através de coreografias enérgicas que misturam movimentos do breakdance, do hip hop e outros esgares físicos que mais parecem simular situações de uma agressão que no “krumping” nunca se chega a concretizar sobre o opositor. O documentário de LaChapelle tem dois propósitos: um artístico e outro sociológico. Interessou-me mais o primeiro, mais estilizado, porque é óbvio o fascínio que o realizador sente pela electricidade em bruto que aqueles corpos com diferentes idades soltam e que é matéria explosiva quando em combustão com o gangsta rap ou o hip hop mais robótico que os serve na perfeição. Já a componente sociológica é mais previsível, histórias que o cinema e a televisão se encarregaram de tornar uma espécie de estereótipo das vidas dos bairros problemáticos de Los Angeles. O documentário de LaChapelle segue uma figura em particular – um ex-traficante tornado animador (Tommy "the Clown" Johnson) que criou uma escola de dança – que pretende desviar os jovens da criminalidade para uma ocupação mais vivificante dos seus tempos livres. As histórias trágicas são sempre relatadas de modo diferido, resultando Rize no relato de um caso exemplar onde as boas intenções se prolongam da atitude de quem regista aquela realidade (David LaChapelle) até todos os sujeitos de que a mesma se compõe, sem excepção. Artisticamente estimulante, em termos humanos menos.

Classificação: (5/10)

Atenção ao resto da programação que se prolonga até ao próximo dia 23.

Film music



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